quarta-feira, 26 de março de 2008

DEPRESSÃO




TEMA GERAL: DEPRESSÃO INFANTIL




PROBLEMA: O Transtorno Depressivo Infantil pode comprometer o desenvolvimento da criança e interferir em seu processo de maturidade psicológica e social?

TÍTULO DA PESQUISA: Um olhar sobre a Depressão Infantil

OBJETIVO GERAL: Procurar identificar os sinais de depressão infantil investigando quais os primeiros sintomas.

OBJETIVO ESPECÍFICO: Na medida em que a depressão interfere diretamente nas fases de desenvolvimento infantil, são muito importantes o diagnóstico precoce e o tratamento adequado ainda nessa fase inicial da vida, já que as repercussões da doença são graves e sérias.

HIPÓTESE: Os deficts de desempenho escolar estão relacionados com distúrbios de depressão infantil.


LEVANTAMENTO DE DADOS:

1. O transtorno depressivo é um transtorno de humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança?
2. As dificuldades na escola, no ajuste social e pessoal têm sido devidamente valorizadas por familiares, profissionais da educação e devidamente diagnosticado por pediatras, neurologistas, etc.?
3. Como os sintomas da depressão infantil são manifestados?
4. Crianças depressivas envolvem em situações que oferecem perigo a sua integridade física?
5. Relacionamento famíliar pode influenciar no humor da criança?
6. Crianças são devidamente diagnosticadas como depressivas ou são estiguimatizada como problemáticas?


JUSTIFICATIVA:

Crianças hoje, diagnosticadas com Depressão, são frequentemente rotuladas de problemáticas, desmotivadas, ou até mesmo irresponsáveis. Isso causa danos nas relações interpessoais e familiares.Esse distúrbio é responsável pela enorme enfrentamento que pais e filhos experimentam cada dia.
Na análise dos dados do trabalho de Miriam Cruvinel, psicóloga graduada pela PUCCAMP, revelou que os alunos com sintomas depressivos tendem a apresentar mais problemas na disciplina matemática, tendo em vista exigir mais habilidade como rapidez de raciocínio, memorização, atenção e concentração, habilidades deficientes em criança depressivas. Notou-se também que os alunos com desempenho satisfatório nas disciplinas de português e matemática apresentaram mais sintomas depressivos do que aqueles com bom desempenho.
O reconhecimento de um quadro depressivo infantil e de um transtorno na adolescência que pode afetar pessoas dessa faixa etária, reivindicada há mais de 30 anos pelo IV Congresso de União de Pais e psiquiatras Europeos, de 1971 em Estocolmo (Annell, 1972), resultou na elaboração de critérios de diagnóstico para esse quadro, denominando-o de Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência (DSM-IV, 1994).
Os dados de prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência não são unânimes entre os pesquisadores. Devido à diversidade dos locais onde os estudos são realizados e das populações observadas, vários índices de prevalência têm sido estabelecidos para a depressão na infância. Talvez as dificuldades devam-se às discrepâncias de diagnóstico, já que alguns consideram como Depressão alguns casos atípicos, como por exemplo, a Fobia Escolar, a Hiperatividade, etc.
Estudos norte-americanos revelam uma incidência de depressão em aproximadamente 0,9% entre os pré-escolares; 1,9% nos escolares e 4,7% nos adolescentes (Kashani, 1988 apud Weller, 1991). Mas esses números são demasiadamente otimistas.
Há mais de 30 anos, os estudos de Rutter, Tizarde e Whitmore (1970) começaram a aportar uma prevalência da Depressão Infantil em aproximadamente 1% das crianças de 10 anos. Dezesseis anos depois, Rutter (1986) volta a pesquisar e considera que os quadros depressivos são muito mais freqüentes na adolescência do que na infância. Essas suspeitas foram confirmadas mais tarde por Ciccheti, em 1995. Nesse ano Goodyar situa a prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência entre o 1,8% e 8,9%.
Embora seja difícil reunir dados sobre a incidência de Depressão Infantil, em recente artigo Jose Luis Pedreira Massa assinala que, na Espanha, a media de transtornos depressivos também pode situar-se em torno de 9% na população geral infantil menor de 12 anos, sendo algo superior na adolescência.
O que propomos com esta pesquisa é a possibilidade de reflexão sobre os portadores desse distúrbio, enfocando as formas de diagnóstico e intervenção, levando em conta a diversidade humana e seu contexto, sem reduzir o ser humano à condição de incapaz ou incompetente, mas, ao contrário, à de seres que superam situações difíceis e continuam suas vidas com sucesso.



METODOLOGIA

Amostra:

Tendo em vista a relevância do tema “depressão infantil” buscaremos pesquisar e reunir dados sobre manifestações depressivas em crianças de 03 e 4 anos de idade, que freqüentam creches.
Para tanto buscaremos com a ajuda de profissionais da área, identificar os sinais de depressão infantil e investigar qual o apelo existente nesses sintomas, bem como levantar alguns dados sobre como os profissionais da saúde pública e as professoras de creches detectam tais manifestações.
A amostra desta pesquisa será dividida em duas fases:
Primeira fase: Entrevista com 01 Psicólogo, 01 pediatra, 01 médico do programa saúde da família, e professores da Educação Infantil e 01 coordenador de creche.
Segunda fase: Amostra constituindo-se de 05 crianças na faixa etária de 03 e 4 anos de idade.
Por indicação dos professores e da coordenadora selecionar cinco crianças da referida creche com sintomas depressivos; observá-las e realizar anamnese com os responsáveis pelas crianças.
A pesquisa será pautada em pressupostos metodológicos do modelo qualitativo.
Segundo Bleger (1989) o campo da entrevista deve ser dinâmico e o ponto fundamental de uma entrevista de investigação está na maneira como o entrevistador observa os dados, em razão de certos pressupostos estabelecidos previamente e das hipóteses que surgem durante esse processo.
Partindo desse pressuposto, adotaremos o modelo de entrevista semi-estruturada que seguirá um roteiro básico, que permitirá ao entrevistador levantar outros pontos, caso o considere necessário. Assim sendo, serão elaborados roteiros específicos em forma de questionário para cada categoria de participante: Médico, Psicólogo, Professor e Coordenador.



PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Conforme citado anteriormente, os procedimentos ocorrerão em duas etapas: Na fase inicial onde serão realizadas entrevistas semi-estruturadas e na segunda fase com autorização dos pais ou responsáveis, investigação focalizada com 05 crianças da amostra.
No processo psicodiagnóstico das crianças será realizada entrevista semi-estruturada com os pais ou responsáveis e com os professores; observações das crianças na escola ou creche.
Partindo de dados de casos, faremos o estudo com o acompanhamento do psicólogo. Os dados serão interpretados de acordo com nosso referencial teórico.


DESENVOLVIMENTO


A depressão na infância vem chamando a atenção de muitos profissionais que atuam na clínica infantil. Essa patologia, no entanto, não é freqüentemente reconhecida, uma vez que os sintomas diferem dos apresentados pelos adultos, dificultando o diagnóstico (Scivoletto & Tarelho, 2002).
Depressão não é tristeza. É uma doença que deve ser tratada. Se os adultos muitas vezes não conseguem perceber o problema dessa forma, o que se dirá de uma criança? A falta da percepção de que esse mal também acomete os pequenos está alarmando especialistas em infância e adolescência. Não é o único motivo de preocupação. O diagnóstico da enfermidade na garotada cresce e assusta os médicos. Na Santa Casa de Misericórdia do Rio, por exemplo, o número de casos aumentou 10% de 1995 até agora. Dos pacientes atendidos nesse período, 76% chegaram ao hospital sem que os pais soubessem do estado depressivo dos filhos. Na criança e adolescente a Depressão, em sua forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas, devido à falta de habilidade para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a depressão atípica, notadamente com “hiperatividade”. Alguns outros sintomas podem acompanhar esse transtorno na infância e adolescência em idade escolar, tais como, apatia, tristeza, agressividade, choro, hiperatividade, queixas físicas, medo à morte nele próprio ou nos familiares, frustração, desespero, distração, baixa auto-estima, recusa em ir à escola, problemas de aprendizagem e perda de interesse por atividades que antes gostava (Cristina Montone, apud PsiqWeb, 2007).
O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir com seu processo de maturidade psicológica e social. São diferentes as manifestações da depressão infantil e dos adultos, possivelmente devido ao processo de desenvolvimento que existem na infância e adolescência.
O tema tornou-se alvo de investigações mais detalhadas a partir da década de 1970. Desde então, passou a despertar maior interesse e preocupação dos profissionais de saúde, uma vez que essa patologia traz comprometimentos importantes nas funções sociais, emocionais e cognitivas, interferindo no desenvolvimento infantil, de maneira a afetar não só a criança, mas também sua família e o grupo com o qual se relaciona (Miller, 2003; Reis & Figueira, 2001; Scivoletto & Tarelho, 2002).
Ocorrem ainda grandes dificuldades no que se refere ao diagnóstico, pois o quadro traz a presença de comorbidades e os sintomas manifestam-se muitas vezes de forma mascarada, sendo mais freqüentes os seguintes: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, baixa auto-estima, tristeza, medo, distúrbios do sono e baixo rendimento escolar. Sintomas somáticos também podem estar associados (Scivoletto & Tarelho, 2002).
Reis e Figueira (2001) destacam que realizar o diagnóstico não é fácil, na medida em que crianças e adolescentes não conseguem identificar ou nomear os sintomas que aparecem de maneira multifacetada. Os pais ou responsáveis geralmente procuram ajuda do pediatra por problemas que inicialmente não são identificados como sendo de depressão. As principais queixas orgânicas são cefaléias, dores abdominais, diarréia. Aparece também a falta de apetite ou apetite exagerado, insônia, irritabilidade, agressividade ou passividade exagerada, choro sem razão aparente, dificuldades cognitivas, comportamento anti-social, indisciplina, idéias ou comportamento suicidas.
Segundo a Dra. Sandra Scivoletto, médica psiquiatra, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, coordenadora do Grupo de estudos ‘Álcool e Drogas’ e responsável pelo Ambulatório de Adolescentes do Hospital das Clínicas da FMUSP “Depressão é uma doença grave e, se não for tratada adequadamente, interfere no dia-a-dia das pessoas e compromete a qualidade de vida. Nos adultos, é mais fácil de ser diagnosticada. Eles se queixam e, mesmo que não o façam, suas atitudes revelam que não se sentem bem e a família percebe que algo de errado está acontecendo. Com as crianças, é diferente. Elas aceitam a depressão como fato natural, próprio de seu jeito de ser. Embora estejam sofrendo, não sabem que aqueles sintomas resultam de uma doença e que podem ser aliviados. Calam-se, retraem-se e os pais, de modo geral, custam a dar conta de que o filho precisa de ajuda. Scivoletto ainda afirma que não é possível tratar uma criança deprimida sem tratar da família.
Cavalcanti (1996) chama a atenção para o fato de que muitos sintomas nem sempre são indicativos de uma "depressão mascarada". É preciso ser cuidadoso ao fazer o diagnóstico, considerando os aspectos pertinentes ao processo de desenvolvimento infantil.
A criança depressiva envolve-se, com freqüência, em situações que oferecem perigo à sua integridade física. Muitas vezes tem consciência do perigo; no entanto, conflitos inconscientes predominam e levam-na a emitir determinados comportamentos de risco, numa tentativa de mobilizar a atenção das pessoas para que percebam o seu sofrimento (Souza & Eisenstein, 1993).
Angerami-Camon (2002) assinala que a tentativa de suicídio em crianças não deve ser confundida com acidente doméstico. A criança também se desespera diante das dificuldades da vida e manifesta o desejo de morrer. No entanto, os meios não são tão eficazes como os utilizados por adolescentes e adultos e o gesto é visto como "coisa de criança". Segundo o autor, é preciso que os profissionais de saúde estejam atentos para o fato de que crianças também apresentam sofrimento existencial e sensibilizem-se ante a problemática do suicídio infantil.
Segundo Rotondaro (2002), para que a criança tenha um desenvolvimento emocional saudável, precisa de um ambiente familiar favorável, capaz de suprir adequadamente suas necessidades básicas, entre as quais as de proteção e acolhimento. Quando isso não acontece, a criança utiliza mecanismos de defesa específicos para lidar com as dificuldades, comprometendo o desenvolvimento das estruturas de personalidade que estão se formando na infância.
Os sintomas depressivos variam de acordo com a faixa etária da criança e, como ela não é ainda capaz de descrever seus sentimentos verbalmente, é necessário observar as formas de comunicação pré-verbal, tais como a expressão facial, produções gráficas, súbitas mudanças de comportamento e postura corporal, entre outras (Baptista & Golfeto, 2000).
Os sinais da presença da depressão infantil são, portanto, variados e, segundo Marcelli (1998), nenhum deles deve ser considerado isoladamente, sendo necessário analisar sua conjunção e a durabilidade dos episódios.
Moreira (1996); Solomon (2002), assim como Kuczynski, Marcolin e Assunção Jr. (2001), salientam que a criança não deve ser tratada como um adulto em miniatura e que as particularidades próprias da infância devem ser consideradas. Bock e Côrtes (2000) afirmam que a depressão não é doença apenas na criança quieta e desanimada; as manifestações da doença podem estar também na criança agressiva e hiperativa.
Tanto Belizário (1998) quanto Reis e Figueira (2001) destacam o papel do pediatra na avaliação da criança. Afirmam que o reconhecimento de manifestações iniciais da doença favorece o prognóstico, possibilitando a prevenção de múltiplos transtornos maiores. Na medida em que a depressão interfere diretamente nas fases de desenvolvimento infantil, são muito importantes o diagnóstico precoce e o tratamento adequado ainda nessa fase inicial da vida, já que as repercussões da doença são graves e sérias.
Alguns outros aspectos destacam-se na literatura, entre eles a hereditariedade, as condições sociais, a configuração familiar, a função materna, o início do funcionamento psíquico e o superego, os quais serão brevemente indicados.Ou seja, a filogênese, a ontogênese, a microgênese e sociogênese . O fenótipo e genótipo interferindo na vida do sujeito.
Para Marcelli (1998), a doença psíquica de um dos pais constitui fator de risco que pode chegar a 43%. A depressão materna provoca uma "falta" interativa no bebê, a qual poderá posteriormente desenvolver na criança uma suscetibilidade a acontecimentos futuros que impliquem perdas. Nessa perspectiva, segundo Solomon (2002), faz-se necessário considerar a vulnerabilidade genética na etiologia da depressão. As primeiras manifestações podem ser encontradas nos primeiros meses de vida da criança. Geralmente, filhos de pais depressivos tendem a desenvolver o mesmo mal, além de outros transtornos de ordem mental e distúrbios de conduta. Para melhorar a saúde mental dos filhos, é importante tratar dos pais e trabalhar com tentativas de mudanças no padrão familiar. Sem essas medidas, o tratamento tende a fracassar.
Acredita-se, não obstante, que a hereditariedade pode ser fator importante, mas não o determinante único no aparecimento da patologia, pois há evidências de que a predisposição genética soma-se às condições adversas da realidade externa nos casos não só da depressão, mas também de outras patologias mentais.
Quanto às condições sociais e à configuração familiar, para Solomon (2002) e Marcelli (1998), as pessoas que vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis são mais propensas a desenvolver patologias físicas e mentais. A miséria social crônica favorece o aparecimento da depressão.
Marcelli (1998) cita os resultados de alguns estudos que apontam traços característicos na população que vive em condições socioeconômicas desfavoráveis, entre os quais se destacam o desemprego, uniões transitórias do casal, alcoolismo e violência. Habitualmente, são famílias incompletas, e freqüentemente a figura masculina ocupa lugar secundário. As crianças sofrem as conseqüências diretas dessa desestruturação, uma vez que não têm asseguradas as condições básicas necessárias para um bom desenvolvimento e não conseguem reagir diante de tais adversidades.
Muitos outros estudos têm também apontado a importância fundamental dos cuidados afetivos nos estágios iniciais do desenvolvimento humano. Pesquisas demonstram inclusive o efeito de natureza bioquímica que têm as ligações afetivas, influenciando diretamente o desenvolvimento físico e psíquico (Andrade, 2003).

CRONOGRAMA:

Descrição Das Etapas

Revisão bibliográfica - Março, abril e maio
coleta de dados - Junho
Entrevistas -
Junho
Sistematização das entrevistas -
Junho
Análise dos dados e elaboração da síntese -
Junho
Entrega do relatório final - Junho


RELATORIO FINAL

INTRODUÇÃO

O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir com seu processo de maturidade psicológica e social. São diferentes as manifestações da depressão infantil e dos adultos, possivelmente devido ao processo de desenvolvimento que existem na infância e adolescência. O reconhecimento precoce de um estado depressivo poderá ter profundos efeitos na futura evolução da doença.
Apesar da tamanha importância da Depressão da Infância em relação à qualidade de vida, ao suicídio, às dificuldades na escola, no trabalho e no ajuste pessoal, esse quadro não tem sido devidamente valorizado por familiares e pediatras e nem adequadamente diagnosticado.
Como se acreditava que a depressão era exclusivamente uma resposta emocional à problemática existencial, quem não tinha problemas não deveria ter depressão. Por isso durante muitos anos acreditou-se que as crianças não eram afetadas pela depressão, já que supostamente esse grupo etário não tinha problemas vivenciais.
Crianças são tão susceptíveis à depressão quanto os adultos, mostrando assim que esse transtorno deve ser encarado seriamente em todas as faixas etárias. Quando falamos de depressão, estamos falando de uma doença com sintomas específicos com duração e gravidade suficiente para comprometer seriamente a capacidade de uma pessoa levar uma vida normal. Nas últimas décadas observou-se um aumento muito grande do número de casos de depressão, tendo início na infância.

OBJETIVOS

1 - Identificar os sinais de depressão infantil e investigar qual o apelo existente nesses sintomas;
2 - Levantar dados sobre como os profissionais da saúde pública e as professoras de creches detectam tais manifestações.

JUSTIFICATIVA

Crianças hoje, diagnosticadas com Depressão, são frequentemente rotuladas de problemáticas, desmotivadas, ou até mesmo irresponsáveis. Isso causa danos nas relações interpessoais e familiares. Esse distúrbio é responsável pela enorme frustração que pais e filhos experimentam cada dia.
Os dados de prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência não são unânimes entre os pesquisadores. Devido à diversidade dos locais onde os estudos são realizados e das populações observadas, vários índices de prevalência têm sido estabelecidos para a depressão na infância. Talvez as dificuldades devam-se às discrepâncias de diagnóstico, já que alguns consideram como Depressão alguns casos atípicos, como por exemplo, a Fobia Escolar, a Hiperatividade, etc.
Embora seja difícil reunir dados sobre a incidência de Depressão Infantil, em recente artigo Jose Luis Pedreira Massa assinala que, na Espanha, a media de transtornos depressivos pode situar-se em torno de 9% na população geral infantil menor de 12 anos.
O que propomos com esta pesquisa é a possibilidade de reflexão sobre os portadores desse distúrbio, enfocando as formas de diagnóstico e intervenção, levando em conta a diversidade humana e seu contexto, sem reduzir o ser humano à condição de incapaz ou incompetente, mas, ao contrário, à de seres que superam situações difíceis e continuam suas vidas com sucesso.

HIPÓTESE

O distúrbio do comportamento da criança está diretamente relacionado à depressão?


REVISÃO DE LITERATURA

A depressão na infância vem chamando a atenção de muitos profissionais que atuam na clínica infantil. Essa patologia, no entanto, não é freqüentemente reconhecida, uma vez que os sintomas diferem dos apresentados pelos adultos. O tema tornou-se alvo de investigações mais detalhadas a partir da década de 1970. Desde então, passou a despertar maior interesse e preocupação dos profissionais de saúde, uma vez que essa patologia traz comprometimentos importantes nas funções sociais, emocionais e cognitivas, interferindo no desenvolvimento infantil, de maneira a afetar não só a criança, mas também sua família e o grupo com o qual se relaciona.
Reis e Figueira (2001) destacam que realizar o diagnóstico não é fácil, na medida em que crianças não conseguem identificar ou nomear os sintomas que aparecem de maneira multifacetada. Os pais ou responsáveis geralmente procuram ajuda do pediatra por problemas que inicialmente não são identificados como sendo de depressão. As principais queixas orgânicas são cefaléia, dores abdominais, diarréia. Aparecem também a falta de apetite ou apetite exagerado, insônia, irritabilidade, agressividade ou passividade exagerada, choro sem razão aparente, dificuldades cognitivas, comportamento anti-social, indisciplina, idéias ou comportamento suicidas.
Angerami-Camon (2002) assinala que a tentativa de suicídio em crianças não deve ser confundida com acidente doméstico. A criança também se desespera diante das dificuldades da vida e manifesta o desejo de morrer. A criança depressiva envolve-se, com freqüência, em situações que oferecem perigo à sua integridade física.
Os sintomas depressivos variam de acordo com a faixa etária da criança e, como ela não é ainda capaz de descrever seus sentimentos verbalmente, é necessário observar as formas de comunicação pré-verbal, tais como a expressão facial, produções gráficas, súbitas mudanças de comportamento e postura corporal, entre outras. A criança não deve ser tratada como um adulto em miniatura e que as particularidades próprias da infância devem ser consideradas. O papel do pediatra na avaliação da criança é de extrema importância no sentido, uma vez que o reconhecimento de manifestações iniciais da doença favorece o prognóstico, possibilitando a prevenção de múltiplos transtornos maiores. Na medida em que a depressão interfere diretamente nas fases de desenvolvimento infantil, são muito importantes o diagnóstico precoce e o tratamento adequado ainda nessa fase inicial da vida, já que as repercussões da doença são graves e sérias.
Alguns outros aspectos destacam-se na literatura, entre eles a hereditariedade, as condições sociais, a configuração familiar, a função materna, o início do funcionamento psíquico e o superego, os quais serão brevemente indicados.
Acredita-se, não obstante, que a hereditariedade pode ser fator importante, mas não o determinante único no aparecimento da patologia, pois há evidências de que a predisposição genética soma-se às condições adversas da realidade externa nos casos não só da depressão, mas também de outras patologias mentais.
Quanto às condições sociais e à configuração familiar, para Solomon (2002) e Marcelli (1998), as pessoas que vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis são mais propensas a desenvolver patologias físicas e mentais. A miséria social crônica favorece o aparecimento da depressão.
A função materna, independentemente de quem a exerça (avó, tia ou até mesmo o pai), também é de fundamental importância para a formação psíquica saudável da criança.
A função materna, somada a outras condições ambientais favoráveis, é essencial para que o bebê possa desenvolver-se física e psiquicamente.
Muitos outros estudos têm também apontado à importância fundamental dos cuidados afetivos nos estágios iniciais do desenvolvimento humano. Pesquisas demonstram inclusive o efeito de natureza bioquímica que têm as ligações afetivas, influenciando diretamente o desenvolvimento físico e psíquico.
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METODOLOGIA

Amostra:

Tendo em vista a relevância do tema “depressão infantil” buscaremos pesquisar e reunir dados sobre manifestações depressivas em crianças de 03 e 04, que freqüentam creches na cidade de São Domingos das Dores. (MG).
Para tanto buscaremos com a ajuda de profissionais da área, identificar os sinais de depressão infantil e investigar qual o apelo existente nesses sintomas, bem como levantar alguns dados sobre como os profissionais da saúde pública e as professoras de creches detectam tais manifestações.

DISCUSSAO E ANALISE DOS RESULTADOS


Ao apurarmos os resultados, observou-se que os profissionais, tanto na área da saúde – pediatra e psicólogo – quanto na área escolar – coordenadora e professoras da creche pesquisada – conhecem, ou estão familiarizados com os sintomas depressivos, que possam afetar crianças da instituição e da comunidade em geral. Nas palavras de uma professora depressão infantil é “um transtorno de humor, capaz de comprometer o desenvolvimento da criança. No convívio social encontrará dificuldades de relacionamento com seus coleguinhas” segundo a mesma, estes pequeninos precisam “que as famílias sejam comprometidas com elas, no sentido de compreendê-las melhor, para que haja um bom estado emocional e cognitivo”.
Por outro lado, os professores e coordenadora, apesar de conhecerem um pouco sobre o quadro sintomático da depressão infantil, reconhecem a necessidade que se tem de conduzir a criança sob suspeita a um profissional capacitado, pois, como nos relata uma das professoras, ao ser questionada se lhe era possível identificar um de seus alunos que apresentasse sintomas depressivos ela responde que NÃO, e que “para identificar este transtorno depressivo infantil necessita de um pedagogo, um psicólogo, e um pediatra; tudo para dar um diagnóstico mais preciso para os familiares”. O que diminui o risco de serem taxativos quanto ao diagnóstico precipitado.
Dentro deste contexto os profissionais da saúde, psicólogo e pediatra, revelam que o grau de dificuldade do diagnóstico da depressão infantil varia de acordo com a idade. “Em crianças maiores os sintomas são mais específicos e nos menores mais subjetivos” dando ênfase a fala de Cristina Montone, apud Psiqweb (2007) onde relata que “as crianças mais novas, devido à falta de habilidade para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a depressão atípica, notadamente com “hiperatividade”. Os profissionais entrevistados também apontam como principais agentes causadores da depressão infantil “a desestabilização e fragmentação da família; a agitação da vida dos pais com a falta de tempo dos mesmos para com os filhos, a desorientação dos pais e educadores para transmitir conteúdos afetivos e sociais, levando-as a insegurança, ansiedade e medo generalizado”.
Por fim, todos os entrevistados concordam que a família, sendo o primeiro âmbito social que a criança toma conhecimento em sua vida e que tem o papel de agente mediador entre a criança e o meio social externo, deveria comprometer-se diante de tal fato de duas maneiras, ditas primordiais:
1. Na prevenção procurando ser mais presente, amável e disponível;
2. Em casos já existentes e diagnosticados como depressivos, primeiramente a família tem o papel de aceitar tais diagnósticos, buscar orientação profissional e conhecimento sobre o assunto, mudando a postura em casa e se necessário buscar tratamento para todo o contexto familiar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Angerami-Camon, V. (2002, set.). Criança também se autodestrói. Viver Psicologia. São Paulo: Segmento, ano XI(116) p.14.
Ballone, GJ - Depressão Infantil - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2004.Baptista, C. A. & Golfeto, J. H. (2000). Prevalência de depressão em escolares de 7 a 14 anos. Revista de Psiquiatria Clínica, 27(5), 253-255.
Belizário, J. F. A. (1998). Precoce dor das crianças. O Estado de Minas. Disponível em: http://netserv.estaminas.com.br/sos7777/infantil.htm
Bion, W. R. (1991). O aprender com a experiência. (P. D. Corrêa, Trad.). Rio de Janeiro: Imago.
Bock, L. & Côrtes, C.(2000).Mãe, estou deprê. Isto É. São Paulo. 1620, 48-50.
Cavalcanti, R. S. C. (1996). Socialização e depressão infantil. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 6(1-2), 57-62.
Kuczynski, E., Marcolin, M. A. & Assumpção JR., B. A. (2001). Atualização sobre o tratamento de depressão na infância e adolescência. Revista da Associação Brasileira de Psiquiatria Biológica, 45(9), 46-51.
Marcelli, D. (1998, 5ª. ed.). Manual de psicopatologia da infância de Ajuriaguerra. (P. C. Ramos, Trad.), Porto Alegre: ArtMed.
Miller, J. (2003). O livro de referência para a depressão infantil. (M. M. Tera, Trad.). São Paulo: M. Books.
Moreira, M. S. (1996). A psicose maníaco-depressiva na infância e na adolescência. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 45(2), 69-74.
Reis, R. L. R. & Figueira, I. L. V. (2001). Transtorno depressivo na clínica pediátrica. Revista Pediatria Moderna, 37, 212-222.
Rotondaro, D. P. (2002). Os desafios constantes de uma psicóloga no abrigo. Psicologia: Ciência e Profissão, 3, 8-13.
Scivoletto, S. & Tarelho, L. G. (2002). Depressão na infância e adolescência. Revista Brasileira de Medicina, 59(8), 555-557.
Solomon, A. (2002). O demônio do meio-dia: uma anatomia da depressão. (M. Campello, Trad.). Rio de Janeiro: Objetiva.
Souza R. P. & Eisenstein, E. (1993). Situações de risco à saúde de crianças e adolescentes. Rio de Janeiro: Vozes.
Winnicott, D. W. (1971). A criança e o seu mundo. (Á. Cabral, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
Zimerman, D. E. (2004). Bion: da teoria à prática – uma leitura didática. Porto Alegre:ArtMed.


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